O Motociclista e sua Fé
O perigo é uma constante na vida de um motociclista.
Afinal, uma queda ou colisão podem deixa-lo inapto para pilotagem ou, num extremo, ceifar sua vida de estradeiro.
O “medo” pode ser o maior aliado na condução de sua companheira de duas rodas.
Essa sensação não lhe priva de forma alguma de estar nas estradas sozinho ou junto aos amigos que comungam da mesma paixão.
É o ingrediente perfeito da prudência que torna as idas e vindas seguras para alegria de quem ficou aguardando o seu retorno.
Fé pouca é bobagem.
Sentimento íntimo que vai além do credo religioso de cada um e que se baseia na certeza de que as coisas irão dar certo.
Mesmo para os ateus de carteirinha, a fé coisa ativa e levada a sério, nesse caso depositando sua confiança em sua própria destreza como piloto e no perfeito funcionamento de sua máquina.
Mas o legal é aquele credo público e venerado, registrado nos coletes e nas próprias motocicletas.
A devoção é típica de nosso povo e integrante da cultura popular típica de cada região.
O colete é o reflexo de seu portador, expondo suas paixões, preferências e suas rebeldias.
É um verdadeiro atestado psicológico que revela seus sentimentos, independente de sua expressão e aspecto facial, seja um rosto angelical ou naqueles tidos como bad boys.
Patchs criteriosamente espalhados mesclam bandas, times, frases e símbolos preferidos junto com sua devoção.
Uma das campeãs de preferência é a imagem de Nossa Senhora Aparecida, a padroeira de nosso país.
Nomes, símbolos e frases associados a Jesus, Deus, São Jorge, Orixás e outros, também são comumente revelados na sagrada vestimenta do motociclista.
Além dos brasões e insígnias peculiares aos integrantes de cada motoclube.
Tudo isso é o extrínseco do intrínseco.
Agora, o intrínseco do intrínseco é foro íntimo de cada um, tal como uma prece na saída e na chegada, o sinal da cruz, etc.
Enfim, os pedidos de proteção geram uma egrégora positiva a seu peticionário, livrando-o dos revezes e protegendo-o na jornada.
Oficialmente o Vaticano elegeu São Columbano como padroeiro dos motociclistas.
Acenda sua vela, faça sua prece ou carregue seu patuá, tudo é válido.
(Rogério Francisco Vieira)
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