quarta-feira, 27 de outubro de 2010






SER UM MOTOCICLISTA


Muita gente me pergunta o que é ser motociclista. É ser piloto de corrida? É ter uma velha moto na garagem, ou uma reluzente Harley na carreta? É fazer trilha nos fins de semana ou apenas ter habilitação torna uma pessoa um motociclista?

Em vários anos de motociclismo, conheci várias pessoas que pilotam ou possuem motocicletas e me atrevo a tentar descrever o que é ser um motociclista.

O termo motociclista, genericamente se enquadra a todos que andam de moto, mas como não conseguimos perder a mania de rotular, acabamos chamando-os de motoqueiros, traieiros, jaspions, estradeiros, harleiros, e outros rótulos, pejorativos ou não.

Para começar o verdadeiro Motociclista nunca vê sua moto como um investimento, seja ela de qualquer modelo ou tamanho. Vê como se fosse uma mulher, pela qual se apaixonou um dia. Nada o impede de se apaixonar várias vezes, até que um dia ele descobre que sua paixão não é "aquela moto", é andar de moto.


Um motociclista não mede esforços para fazer o que ama e jamais associa dinheiro, ganhos de capital, inflação, etc... à sua paixão.

Ser motociclista é cuidar da moto que lhe dá prazer, é dar-lhe um banho, é perder horas de seu fim de semana colocando um acessório, ou simplesmente polindo, consertando algo ou tirando a poeira. O motociclista faz questão de entender o seu amor.

Ser motociclista é passar o máximo de tempo possível sobre sua moto, é escolher as viagens ou trilhas mais longas. É chegar e ao invés de voltar, resolver ir mais longe, é rodar, rodar, rodar e querer mais.

Ser motociclista é coisa que vem no sangue. Não conheço nenhum grande jogador que tenha começado a jogar depois que se estabilizou na vida ou teve dinheiro para comprar um time. Todos sem exceção, começaram a se interessar pela bola ao mesmo tempo que aprenderam a andar.

Ser motociclista não foge a regra, ninguém vira motociclista, a gente nasce motociclista.

Ser motociclista não é se unir em "gangs", fantasiado de "bad boy", para amedrontar as pessoas e fazer coisas que não teria coragem de fazer se estivesse só.

Ser motociclista não é ir para os "Points" da moda, no fim de semana, parar a moto, ficar a noite inteira contando vantagens de quanto gastou em acessórios e depois voltar para casa. Ser motociclista é rodar com a moto, mesmo sem ter ninguém para mostrá-la.


Nada impede que um motoboy, o qual rotulamos hoje de motoqueiro seja mais motociclista que muitos proprietários de motos.

Uns diriam que ser motociclista é uma doença, eu digo que é um caso de amor.

A moto a gente compra, o espírito de motociclista não. 


  7 Pecados Capitais do Motociclista

Existem ainda muitos outros pecados, mas estes sete são os capitais, aqueles que mandam o motociclista diretamente para o inferno, sem escala no purgatório!

1) Trocar o óleo a cada 1.000 km. A confusão se dá graças ao Manual do Proprietário das motos utilitárias que trazem a informação de que a PRIMEIRA troca deve ser feita com 1.000 km porque é uma forma de retirar sobras de material que podem ter se deslocado durante o período de amaciamento. As demais trocas podem ser feitas com os 3.000 km indicados pelo fabricante da moto. Só que motociclistas profissionais (motoboys) usam a moto sob condições muito severas e trocam óleo a cada 1.500 km. Mesmo nestes casos a troca na metade do indicado já é um exagero, porque naqueles 3.000 km indicados pelo fabricante já implica uma enorme margem de segurança. Pior que essa crença já se espalhou para donos de motos grandes e esse comportamento resulta em um despejo desnecessário de poluentes no ambiente. Para quem usa a moto de forma racional e equilibrada, o período recomendado pelo fabricante está de ótimo tamanho. Dentro deste pecado existe um “subpecado”: motores não consomem óleo! Como não??? Todo motor, desde o mais simples, até o de Fórmula 1 consome óleo, porque é uma conseqüência natural do aquecimento do motor. Leio com freqüência assustadora pessoas reclamando que foi trocar o óleo e faltava meio litro, ou 300 ml. Alguns motores de concepção mais antiga consomem até 30% de óleo a cada 1.000 km, sem que se possa chamar isso de defeito. Em uso severo, o motor da moto mais vendida do Brasil chega a consumir estes 30% sem que hajam vazamentos. Cabe ao motociclista acatar a recomendação do fabricante e verificar o nível a cada 1.000 km. Mas não precisa trocar, tá?

2) Descarbonização. Essa é uma das aberrações mais comuns. Também refere-se à troca de óleo. Algum “mexânico” inventou isso lá nos anos 50 e acabou sendo resgatado graças à internet. Funciona assim: o sujeito retira o óleo usado do motor, fecha o bujão e enche o cárter com querosene ou produtos chamados de “flush” (descarga, em inglês). Depois liga o motor por alguns segundos e drena o querosene, antes de colocar o óleo novo. É a forma mais fácil de acabar com o motor de uma moto!!! Dentro do motor existem anéis de vedação (retentores) feitos de borracha e que nasceram para viver mergulhados no óleo. O solvente ataca esses anéis e provocam os vazamentos internos. Por isso a gente vê tanta moto soltando fumaça pelo escapamento...

3) Rodízio de pneus. Essa é mais comum no Norte/Nordeste. A região Nordeste vive uma explosão de consumo geral e especialmente de moto. Em pouco mais de 10 anos o mercado de motos no NE cresceu 750% enquanto o resto do país cresceu 445%. Isso explica muitos procedimentos errados apenas por falta de informação que leva o neo-motociclista a tratar a moto como se fosse um carro de duas rodas. Nos carros é normal fazer rodízio de pneus – embora já seja condenado por especialistas. Mas nas motos o pneu dianteiro é muito diferente do traseiro e têm funções bem específicas. No piso molhado o pneu dianteiro funciona como uma lâmina que corta a água e o traseiro completa o serviço. Por isso é quase impossível uma moto aquaplanar. Ao usar o pneu traseiro na frente o risco de aquaplanagem é enorme porque o desenho do pneu não foi projetado para ser usado dessa posição.

4) Para cada dois pneus traseiros troca-se apenas um dianteiro. Nããão! Esta é uma mentira recorrente porque é natural o pneu traseiro gastar mais rápido por um motivo até evidente: é o pneu da roda motriz, que recebe todo esforço da tração. Nas motos utilitárias, também é o pneu que recebe mais carga quando roda com baú ou com garupa (nas moto-taxis). Como o fator de maior desgaste do pneu é carga (massa), é normal o pneu traseiro gastar mais. Só que na hora de trocar deve-se trocar sempre os dois, porque a moto é um veículo tandem, com uma roda na frente da outra. Como elas rodam a mesma distância, quando o traseiro estiver gasto é sinal que o dianteiro já está comprometido, mesmo que aparentemente novo. Outro engano comum é usar pneus de modelo diferente na frente e atrás. Pneus de motos devem sempre ser do mesmo modelo e marca; quando se misturam marcas ou modelos ocorre o que se chama de “crise de paridade”, quando o pneu traseiro “não entende” o que faz o dianteiro!

5) Reduzir a marcha diminui o espaço numa frenagem de emergência. Este equívoco é cometido por causa das competições e de uma das grandes mentiras sobre pilotagem: o freio motor! Motor é motor; freio é freio. Não existe “freio-motor” em veículos leves, muito menos em moto, a redução que se sente pode ser chamada de “efeito redutor”, mas nunca de frenagem. Para que o motor tenha efeito redutor na roda é preciso que a rotação angular do motor (giro) seja menor que o da roda motriz. Isso só é possível se o câmbio for equipado com uma caixa redutora, como nos caminhões e veículos pesados. Os caminhões contam com este efeito de freio-motor porque precisam frear 20 a 30 toneladas o que seria difícil só com o freio mecânico das rodas. Carros e motos precisam anular o motor para frear no menor espaço possível. Para isso é preciso acionar a embreagem junto com o freio e esquecer o câmbio. Não acredita? Então faça a seguinte experiência: engate a primeira marcha do seu carro (ou moto) solte a embreagem e deixe pegar velocidade sem acelerar. Depois tente frear sem acionar a embreagem. A sensação é que o motor continua empurrando o carro. Isso porque a rotação do motor é maior do que das rodas. A confusão do freio-motor se dá porque nas competições os pilotos reduzem a marcha nas entradas de curva. Mas isso só é feito para que a moto (ou carro) tenha rotação para sair da curva. Quem freia é o freio; quem empurra é o motor. Pronto e acabou!

6) Pneu mais largo melhora a estabilidade. Mais uma vez é a confusão criada por acreditar que moto é um carro de duas rodas. Nos carros os pneus mais largos podem melhorar a estabilidade porque oferecem maior área de borracha em contato com o solo. Mas nas motos é diferente, porque a moto precisa inclinar nas curvas. Quanto mais inclinar, maior pode ser a velocidade de contorno da curva. Para que consiga um grande grau de inclinação é fundamental que o pneu tenha o desenho convexo. Quanto mais convexo, maior a inclinação. Ao usar um pneu mais largo na mesma medida de roda, o pneu ficará deformado, reduzindo a convexidade do desenho. Logo, a moto inclinará menos na curva. Claro que existem tolerâncias. Por exemplo, ao passar de um pneu 180 para 190 não causará um problema. Nem de 130 para 140. Mas alguns motociclistas exageram e, em função de um padrão estético, querem usar o mais largo possível, passando de 130 para 150 ou de 160 para 190. Aí será um martírio inclinar a moto nas curvas. Nos fóruns pode-se até ler depoimentos sobre a “melhora” ao usar um pneu mais largo. Mas esta sensação de melhora não vem da largura do pneu e sim do fato de ser NOVO! O cara tira um pneu velho, gasto e coloca um novo, claro que vai sentir melhora, mas não é resultado da largura!

7) O capacete deve ser duro! Esta mentira é alimentada até por jornalistas inexperientes, principalmente de TV. A função primordial do capacete é reduzir a transferência das ondas de choque para o crânio de quem está usando. Se for uma peça dura, a onda de choque chega com grande intensidade lá dentro da cabeça, transformando o cérebro num mingau. Se capacete tivesse de ser duro a gente deveria usar um sino da cabeça! Na verdade o capacete deve ser flexível, deformável e bem acolchoado para que a energia do choque seja dissipada o máximo possível antes de chegar no cérebro. Por isso usam-se o estireno (isopor) e camadas internas de espuma. A calota precisa ter flexibilidade, não muita para não pular que nem uma bola de basquete, mas o suficiente para espalhar a energia pela superfície. Pelo mesmo motivo, o capacete deve ser o mais justo possível, porque se ficar folgado o capacete bate no chão e a cabeça bate contra a parte interna do capacete. Sei que é chato, mas é melhor bem justo até não se deslocar com o vento.
Não seja um "pecador". Cuide bem da sua moto!
                                                                                                                                                  Tite Simões 

terça-feira, 26 de outubro de 2010


"A beira de uma fogueira
No meio de um lugar perdido
Lá você vai nos encontrar
Celebrando a Tradição Motociclista

No colete empoeirado
Levo as minhas cores e a de um irmão
Que com garra, força e sangue
Luta acima de tudo pela união

Amizade e Irmandade é nosso lema
Rodando de moto esquecemos os problemas
Na garupa nossa companheira
Ao nosso lado a proteção
Estamos sempre na estrada
Defendendo nosso brasão"

-------------------------------------------
By "Tiago PUNK"

os 13 "azares" de um motociclista

Por mais experiente que sejamos, nunca é demais lembrar o mais banal...

1 - Por mais bem cuidada e mantida que esteja sua moto, em algum momento, ela inevitavelmente e inesperadamente vai apontar um defeito seríssimo, seja de peça, instalação mal feita, uso indevido ou fadiga técnica, ela vai te deixar na estrada. Portanto, viva cuidando dela como se cuida de um bebê doente.

2 - Os maiores perigos que você encontra nas curvas são: óleo, areia, pedra e buracos.
Tenha certeza que toda curva tem isso tudo e algo mais pra te jogar no chão. Vá com atenção e preparado para tudo isso.

3 - Você nunca ultrapassa ninguém numa curva por medida de segurança.
Pois é em toda curva que um engraçadinho quer te ultrapassar.
Faça sempre a curva com todo cuidado baixando a velocidade muito antes dela começar, e tenha certeza que não haja um desgraçado afoito querendo te ultrapassar nesse momento.

4 - Ao olhar pelo retrovisor, você nunca vê o veículo que te espreita a poucos metros atrás de você. Acredite que sempre há alguém colado em você.

5 - Todo semáforo quando está verde, sempre está sendo cruzado na transversal por um daltônico. Portanto nunca cruze o sinal verde com tanta confiança. Cruze o sinal em velocidade baixa capaz de frear se preciso, como se ele estivesse amarelo.

6 - Numa estrada, você sempre está de olho no retrovisor e percebeu que não há ninguém atrás de você a muito tempo, pois é exatamente nesse momento inesperado que surge "do nada" um veiculo te ultrapassando por qualquer dos lados.

7 - Por mais prudente e comedido que seja, o motociclista sempre paga o pato pelo erro dos outros. Portanto seja prudente para si e pelos erros e imprudências dos outros também.

8 - Por mais que você mantenha distância do veiculo á frente para garantir sua segurança, o veículo que está exatamente atrás de você, com certeza colou na sua traseira, e o pior, que você nunca o vê no seu retrovisor.
Portanto, conduza sua moto prevendo os desgraçados que querem passar com um caminhão por cima de sua moto, dosando a distancia do veículo da frente e de traz.

9 - Por mais emergência que você tenha em chegar ao seu destino, você sempre conduz sua moto em velocidade de segurança,...
Mas com certeza alguém que quer te ultrapassar a 200 km/h, o faz por mera imprudência sem nenhuma emergência justificável e sem nenhum respeito por sua vida e segurança.
Quando viável, prefira a pista da direita e danem-se os apressadinhos.

10 - Por mais comedido que você seja, nunca ultrapassando os limites de velocidade da pista, sempre há um idiota que quer ultrapassá-lo quando você mesmo já está no limite da velocidade permitida.
Por mais direito que você tenha de estar andando na pista esquerda, no limite de velocidade, sempre há alguém sexualmente impotente, geralmente com um carro caro e veloz, que não se conforma em andar atrás de sua moto se não te ultrapassar e depois ficar colado na sua frente feito molenga.

11 - A gasolina sempre acaba a uma distância sempre superior a 15 km do posto mais próximo numa estrada sem movimento e debaixo de uma chuva anunciada. Nunca deixe a gasolina chegar à reserva.

12 - Você sempre leva na sua “ferramenteira”, peças sobressalentes da moto como: velas, cabo de embreagem, filtros, reparos em geral..., mas com certeza, na sua viajem mais planejada a sua moto vai quebrar a peça que você não dispõe no alforje e a oficina mais próxima está a 15 km de você e fechada por ser feriado municipal. Portanto, não existe peça sobressalente de reposição inútil no seu alforje.

13 - Você, como precavido que é, sempre leva capa de chuva nos dias de céu encoberto, mas, tenha certeza que a chuva só cai em dias de sol forte e quando você deixa sua capa em casa.

                                                                            Fonte:Texto: Chico Lobo - Apoio Revista Motoclube-SP

sábado, 9 de outubro de 2010





O Bem e o Mal
(por Domingos Oliveira Medeiros)

Eu sou do bem. Eu não sou do mal. Eu sou de plantar. Eu sou de colher. Não sou de arrancar. Eu sou de fazer. Eu sou de ajudar. Não atrapalhar. Sou de colaborar. Sou de melhorar. Não sei piorar. Sou de levantar. Sou de refazer. Sou de construir. Não sei destruir. Sou de insistir. Sou pela verdade. Eu não sei mentir.

Eu sou de falar. Quando é preciso. Eu tenho juízo. Sei bem me calar. Eu sou altruísta. Sou bem ponderado. Eu gosto de ouvir. E ficar calado. Depois refletir. E dar meu recado. Sem briga nem turra. Eu sou educado. Não sou egoísta. Não estou nesta lista. Sou pela humildade. E sinceridade.

Eu falo o que penso. Depois de pensar. Não digo o que quero. Sem avaliar. Eu sei escutar. Ouvir e falar. Não sou de impor. Sou de sugerir. Sou de persistir. Se a causa é correta. Se é bom o combate. O curso é a reta. Não ando enrolando. Pra frente e voltando. Eu sigo em frente. Com entusiasmo. Eu sou do passado. Mas olho o futuro. Não fico no muro. Ultrapassado.


Eu sou de mudança. Eu tenho certeza. Sou de confiança. Eu trago a esperança. Não sou derrotado. Eu caio e levanto. Nenhum desencanto. Eu sou otimista. Por natureza. Eu sou de amizade. Confio e espero. Só não acredito. Em lero-lero. Conversa fiada. Sem rumo certeiro. Não perco meu tempo. Atrás de dinheiro. Dinheiro roubado. Não perco a cabeça. Não sou prisioneiro. De oferta brilhante. A troco de nada. Não perco o meu jeito. Nem a liberdade. Sou homem direito. Mas não sou perfeito. E sempre acredito. Que tudo tem jeito.

Eu não tenho pressa. Não sou preguiçoso. Caminho em paz. Olhando o que é belo. Toda a natureza. É tudo pra mim. Eu sou assim. Em Deus eu confio. Em Deus eu espero. De que mais preciso? O que mais eu quero? Apenas que os outros. No mesmo caminho. De paz e amor. De pouco espinho. Consigam chegar. No mesmo lugar. No plano divino. No céu prometido. Com Deus encontrar. Viver nova vida. Eterna e brilhante. Nisso acredito. Eu sou confiante.

sexta-feira, 8 de outubro de 2010


                                                            Andando de moto – J. Carino


Monto em minha moto e me movo, lépido, cúmplice do vento, que corto e me acaricia o rosto.

Ando entre os carros. Transgrido as leis, passando lento, num caminho de vitória sobre a lentidão muito mais lenta da massa de veículos. E sorrio vendo os que me olham: com admiração e inveja, uns; com raiva, outros, presos nas suas armadilhas de aço, feitas para correr e frustradas no pára-e-anda.

Meu pulso gira e o giro do motor aumenta. O empuxo me lança em direção ao horizonte, onde há amanheceres e ocasos esperando que eu passe e os assista, boquiaberto e feliz.

Equilibro-me, fácil, nas duas rodas – o que é como equilibrar-me no fio permanente de navalha da vida. Meu corpo inteiro, integrado à máquina, segue num movimento harmonioso, na suavidade das curvas, na linha contínua das retas. Desviar da concavidade dos buracos-armadilhas, recompor-se das escorregadelas nos óleos das pistas, fugir desta fechada, compensar aquela distração do motorista do lado, evitar a guinada maldosa de outro condutor – isso tudo é sobreviver, facilmente ou, às vezes, quase por milagre.

Sensação ímpar, andar de motocicleta é cavalgar em liberdade. É ver e sentir como as coisas passam, vão indo, indo, seguindo, rápidas. É gozar o movimento, observar tudo, sentir tudo, estar atento, pois que a atenção plena, completa, a entrega total a essa ação, faz com certeza a diferença entre permanecer equilibrado ou cair, continuar vivendo ou morrer.

Ah, mas o prazer tudo compensa. Ser ágil enquanto tudo se arrasta não tem preço; ir rápido daqui para lá, e voltar, estacionar com facilidade – comodidades que se agregam à pura felicidade de rodar sobre duas rodas.

Nas viagens extensas de motocicleta, o olhar se alonga, trazendo o horizonte para o alcance da mão. A estrada que serpenteia à frente, que oferece generosamente suas curvas e retas, é parte da paisagem em que a gente se integra, sendo, ao mesmo tempo, espectador boquiaberto das paisagens verdejantes, dos azuis deslumbrantes de céu, dos alaranjados de pôr-de-sol.

Abrir a viseira e respirar profundamente é sentir a vida invadindo plenamente os pulmões, enquanto o coração pulsa acelerado pela emoção.

Quando se vê um grupo de motos, na longuíssima faixa que é a estrada – intervenção do homem na ordem admirável da natureza – vê-se um balé de beleza única. As máquinas seguem numa reta perfeita, e se inclinam nas curvas, para um lado, depois para o outro, tudo isso recortadas contra o horizonte. Também sobem, mais lentas, para depois descer vertiginosamente, num sobe e desce que também pode ser uma metáfora da vida.

Andar na chuva tem mais risco porém igualmente incorpora emoção e até beleza. O cheiro da terra sobe de todo lado, e inalá-lo é garantir um hausto de gostosura em forma de odor. A chuva, batendo no capacete, na roupa própria que quase impede por completo a molhadura, também pode dar prazer. E tudo isto exige mais cuidado, mas aguça os sentidos e acelera a emoção, que muito freqüentemente é amiga dileta do perigo.

O sol aquece os corpos dos motociclistas, muitas vezes causando desconforto quando é por demais intenso. Porém, faz também da vestimenta um casulo agradável quando os dias são mais frios.

Andando de moto, reflito, penso, relembro, imagino, sinto, me alegro, me entristeço, rio, choro, falo comigo – faço, enfim, tudo o que fazemos em outras situações e condições. Só que faço isso sobre duas rodas, montado na emoção, dependurado pelo fio sutil no risco, absolutamente calculado, que exige o máximo equilíbrio, não somente da máquina e do corpo, mas igualmente da alma e do coração.

terça-feira, 5 de outubro de 2010

Dennis Hopper (de chapéu e bigode) em cena de Sem Destino, de 1969, filme que ele também dirigiu. Foto: Divulgação

Dennis Hopper (de chapéu e bigode) em cena de Sem Destino, de 1969, filme que ele também dirigiu

Foto: Divulgação

 Manohla Dargis
Ator, cineasta, fotógrafo, colecionador de arte, homem de grandes quedas e de uma capacidade de sobrevivência ainda maior - Hopper jamais explodiu. Ao contrário dos vilões e malucos que interpretou ao longo das décadas - o psicopata com problemas maternos em Veludo Azul, o terrorista ressentido de Velocidade Máxima - sobreviveu aos bons tempos, aos maus tempos e a alguns momentos terríveis. Cavalgou em sua moto pelos anos finais da era de ouro de Hollywood, e ao mesmo tempo introduziu um novo cinema, em Sem Destino. Foi amigo de James Dean, interpretou o filho de Elizabeth Taylor, trabalhou com Quentin Tarantino. Foi rico e infame, achado e perdido, foi a revelação do cinema e seu último sobrevivente.
Recentemente, Hopper, que completou 74 anos no dia 17 de maio e andava recluso, voltava às notícias. Em março, seu advogado, em um processo contencioso de divórcio, envolvendo Victoria, sua quinta mulher, anunciou que o ator estava com câncer de próstata terminal e sua saúde o impedia de comparecer ao tribunal.

Na mesma semana, o emaciado, mas sorridente, Hopper surgiu em companhia de Jack Nicholson para assistir à cerimônia de inauguração de sua estrela na calçada da fama em Hollywood. Nicholson, o tempo todo ao lado do amigo, estava com uma camisa espetacularmente feia, decorada com o padrão da bandeira norte-americana e as silhuetas dos dois motociclistas malfadados de Sem Destino, o filme que fez de Hopper diretor e permitiu a Nicholson abandonar os filmes irrelevantes e de baixo orçamento. Foi um momento sublime e ridículo de Hollywood, a um só tempo real e completamente forjado.

Também foi o gesto perfeito para Hopper, que se alternou entre realidades aparentemente contraditórias por boa parte de sua carreira, vestindo uma tanga para Tarzan and Jane, Regained Sort of..., de Andy Warhol, em 1963, e trabalhando no papel de um informante em Os Filhos de Katie Elder, com John Wayne.

Inspirado por Vincent Price (sim, aquele Vincent Price), ele se tornou colecionador de arte e comprou um par de quadros juvenis de Warhol por US$ 75 - adquiriu outras obras-rimas de artistas como Roy Lichtenstein, Jasper Johns e Jean-Michel Basquiat em circunstâncias semelhantes. Mais tarde, quando Sem Destino foi lançado, Warhol imortalizou Hopper em silk screen e refletiu sobre a influência que exercia sobre o ator "com aqueles olhos loucos". Warhol declarou que "você nunca sabe de onde as pessoas aprenderão alguma coisa".

Sem Destino, um marco do cinema
No caso de Hopper, as linhas de influência talvez fossem mais claras do que pareciam inicialmente, variando da bandeira dos Estados Unidos em um dos quadros de Johns, por exemplo, à que o personagem de Peter Fonda usa como alvo nas costas de seu casaco de couro em Sem Destino. Hopper, que começou a pintar e a fotografar, largou a pintura e posteriormente a retomou em diferentes momentos de sua vida. Ele não tinha apenas olho excelente para comprar arte, também levou sua estética ao limite e, ocasionalmente, além dele.

Entre as mais notáveis das estratégias formais em Sem Destino está a edição propulsiva, dissonante, que caracterizava o trabalho de um dos grandes amigos de Hopper, o cineasta de vanguarda e artista plástico Bruce Conner.

Sem Destino reteve uma posição privilegiada na história do cinema norte-americano, ainda que menos por sua experimentação formal do que pelo impacto percebido do filme sobre a indústria cinematográfica, ilustrado em livros que ressaltam o papel desse trabalho na salvação de Hollywood. Em termos grosseiros, o filme sobre motociclistas da era da contracultura foi produzido com um orçamento de US$ 400 mil e faturou US$ 20 milhões na época do lançamento, provando que, com a estratégia correta de venda, a cultura alternativa era capaz de atrair os consumidores ("um homem saiu à procura da América. E não conseguiu encontrar...") E, no final de 1969, quando o filme foi lançado, essa estratégia de vendas se provou perfeita, especialmente junto às audiências jovens que viam personagens com os quais eram capazes de se identificar na história de dois motociclistas - Wyatt (Peter Fonda) e Billy (Hopper)-, que depois de uma grande venda de cocaína viajam sem rumo pelo sudoeste do país e terminam mortos por um caipira agressivo.

Sem Destino foi grande sucesso no festival de Cannes de 1969, onde ganhou o prêmio de melhor primeiro filme. Ao estrear nos Estados Unidos, meses mais tarde, Andrew Sarris explicou seu triunfo na França em parte recorrendo a comparações com o Vietnã, escrevendo que "motocicletas, materialismo, misantropia e homicídio há muito servem como corretivos adequados sobre a vida norte-americana, para os europeus, e nunca mais do que neste ano de lei & e ordem e dos sangrentos combates em Hamburger Hill". Sarris se impressionou acima de tudo com a interpretação brilhante de Nicholson no pequeno papel de George Hanson, um advogado sulista alcoólatra a quem Wyatt e Billy conhecem na cadeia. Outros observadores, como um fã apaixonado chamado Richard Goldstein, que defendeu o filme no New York Times, viam algo mais: "Quero acreditar que Sem Destino represente o pôster de viagem para um novo país".

O filme certamente se tornou um modelo para o novo cinema norte-americano, mais jovem e emancipado do controle intelectual dos estúdios, em uma declaração de independência criativa que teoricamente durou até o momento em que o grande tubarão branco de Steven Spielberg devorou as bilheterias seis verões mais tarde, dando início à era moderna do cinema. De sua parte, Hopper, definido pelo crítico de cinema Peter Biskind como "o chapado guru da contracultura", continuou a ser o personagem principal na lenda de Sem Destino, tanto porque Hopper dirigiu, editou e protagonizou o filme quanto devido ao seu temperamento, aos seus abusos com as drogas, à sua arrogância lendária e à completa desorientação que ele exibiu ao longo das filmagens. (Hopper e Fonda dividem o crédito pelo roteiro com o escritor Terry Southern.)

Entre altos e baixos
Há um lado negativo em estar vinculado a uma lenda, e Biskind termina por vincular Sem Destino aos homicídios da família Manson, uma conexão que se deve ao menos em parte à reputação cada vez mais amalucada que Hopper criou em Hollywood. Hopper, que se descreveu como "maníaco" para Biskind, alimentava essa imagem com abuso de LSD, fetiche por armas, tendência por falar demais a jornalistas e surtos de violência física que culminaram em uma agressão à sua primeira mulher, Brooke Hayward, na qual ela saiu de nariz quebrado. Biskind termina sua avaliação sobre o novo cinema dos Estados Unidos nos anos 60 e 70 citando uma fala de Wyatt em Sem Destino: "Nós fizemos tudo errado".

Muita gente que acompanhou Hopper em sua encarnação seguinte deve ter pensado o mesmo. Em 1970, ele começou a rodar The Last Movie o último filme, o mais profético dos títulos. Financiado pelo estúdio Universal - os grandes estúdios estavam obcecados pela cultura jovem àquela altura -, ele viajou aos Andes peruanos para rodar um filme sobre um dublê que, depois do final da produção de um violento western, decide ficar para trás. Interpretado por Hopper, o dublê se apaixona por uma prostituta local, dirige um show sexual para turistas depravados e toma parte de outra filmagem, encenada pelos indígenas locais com equipamentos feitos de galhos de árvore - e tudo isso não necessariamente na ordem acima relatada.

Lisérgico e lírico, repulsivo e fascinante, The Last Movie é um instrumento bruto - uma cena mostra uma mulher norte-americana vestida em casaco de peles posicionada ao lado da foto de uma criança africana faminta - e nem de longe tão incompreensível quanto sua fama dispõe. Hopper disse que era uma história sobre os Estados Unidos e comparou o filme a uma "pintura expressionista abstrata, na qual o pintor revela as linhas do rascunho, mostra as pinceladas, permite que a tinta escorra". A crítica Pauline Kael aproveitou essa metáfora e comparou a edição de Hopper, consideravelmente mais frenética do que em Sem Sentido, com a de um pintor que rasga suas telas.

O consenso era o de que ele havia destruído sua carreira, ainda que seu maior erro, desconsiderados o excesso de bebida e drogas, talvez tenha sido permitir a presença de jornalistas nas locações. Os repórteres compareceram, viram o pior e seus editores propuseram manchetes como Dennis Hopper: Bem Alto nos Andes. A reportagem mais negativa pode ter sido uma matéria de capa da revista Life, que mostrava Hopper de chapéu preto e com uma flor em uma mão e uma bola de futebol americano no outro braço. "Seria de admirar que estejamos na situação em que estamos", escreveu um leitor indignado da revista, "quando nossos filhos consideram que detritos como esse são seus heróis?"

Primeiro Sem Destino e agora isso! Havia pouca dúvida de que os exageros pessoais de Hopper prejudicaram o trabalho, mas se The Last Movie tivesse dado lucro provavelmente a história relatada seria diferente. O filme não teve chances, no entanto - mal lançado, alvo de zombarias e logo descartado, mais ou menos como Hopper. O ator se manteve afastado do público até que voasse às Filipinas, em 1976, para interpretar o repórter fotográfico chapado em Apocalypse Now, de Francis Ford Coppola. Tagarelando como um macaco alucinado, com câmeras penduradas do pescoço, recitando versos de T. S. Eliot, sujo, descabelado e completamente maluco, o personagem é uma maravilha, mas doloroso. A linha entre a presença de Hopper na tela e sua reputação do outro lado das câmeras parece indistinta, e isso causa incômodo - o que também se aplica a diversos dos papéis posteriores que ele desempenhou.

Se o prazer de seu desempenho vem acompanhado de desconforto é porque Hopper aparentemente nunca teve medo do ridículo - uma qualidade importante em um ator. Poucos de seus colegas conseguem alternar humor e comédia da maneira enervante que ele demonstrou em Veludo Azul, de David Lynch.

Onde começa o personagem e acaba o ator? Não se sabe, e esse desconhecimento era o espaço em que Hopper operava. Antes que ele começasse a falar demais, tanto nas telas quanto fora delas, essa abertura pessoal podia parecer encantadora, como quando ele foi fotografado lendo Stanislavsky no estúdio de Rebelde Sem Causa. Hopper tinha 17 anos, interpretava um malfeitor chamado Goon e escutava atentamente os pronunciamentos de James Dean, que o aconselhou a começar a tirar fotos e a ver o mundo emoldurado. Anos depois, essa mesma sinceridade causava engulhos, como em The American Dreamer, um documentário sobre a produção de The Last Movie no qual Hopper tira a roupa e demole a barreira entre público e privado (a cena está disponível no YouTube).

Havia algo de repelente naquele excesso de exposição, mesmo que fosse essa a qualidade que atraía as pessoas a continuar assistindo. Há momentos em que tamanha franqueza parece uma espécie de autoexploração, como em Hoosiers, um drama sobre basquete no qual ele interpreta um alcoólatra tentando deixar a bebida. Mas foram momentos como esses que fizeram de Dennis Hopper o homem que ele foi: a disposição de remover a pele de maneira dolorosa, como em alguns de seus trabalhos como ator e filmes que ele dirigiu, entre os quais Out of the Blue, uma história brutal sobre o amadurecimento de um jovem.

Em fevereiro, Peter Bart, colunista da Variety e ex-executivo de cinema, refletiu sobre a carreira de Hopper, escrevendo que ele "se saiu muito bem como ator, cineasta, colecionador de arte e fotógrafo, e fez todo o possível para se autodestruir em todas essas arenas". Barta acrescentava que "parece impossível que alguém tenha estrelado um filme como Assim Caminha a Humanidade e ainda assim perdido o estrelato, ou dirigido uma obra essencial como Sem Destino mas desaparecido como cineasta". É uma das formas de contemplar uma carreira, ainda que diversas mostras de arte, retrospectivas de filmes e livros como Dennis Hopper & the New Hollywood e Dennis Hopper: Photographs 1961-1967 revelem uma vida diferente, que Bart provavelmente não compreenderia.

Se essa vida não se ajusta às ideias de estrelato que temos é porque Hopper mapeou seu caminho sem ajuda praticamente desde o começo. Já que quando ele assinou com a Warner Brothers, em 1955, o velho sistema dos estúdios estava entrando em colapso, o ator não teve muita escolha a não ser determinar sozinho o seu rumo. Ele abandonou os estúdios, foi a Nova York estudar com Lee Strasberg, começou a colecionar arte, estrelou o filme experimental Night Tide e colaborou em um projeto de arte com Marcel Duchamp. Fotografou seus amigos famosos nos estúdios e fora deles, e o reverendo Martin Luther King Jr. no Alabama. Ajudou a fazer de Nicholson um astro e a salvar o cinema dos Estados Unidos. Nada mal para alguém que "fez tudo errado".

Nos arquivos da Margaret Herrick Library sobre Hopper, em Beverly Hills, há um resumo biográfico datilografado, um texto de seis páginas típico dos esforços dos estúdios de cinema em 1959. O texto menciona seus créditos como ator e medidas (1,78 metro de altura, 72 quilos de peso), e conta uma história charmosa. Hopper estava completando 23 anos naquele ano, havia retornado de Nova York a Los Angeles e não estava trabalhando muito. Mas o texto aponta que ele se mantinha ocupado. "Quando não está trabalhando, Dennis acorda por volta das 10h, lê Nietzsche (e teatro moderno) à beira da piscina em seu apartamento em Hollywood, visita galerias de arte e livrarias e assiste a filmes estrangeiros. Ele é intenso em tudo que faz". E estava apenas começando.

(Tradução: Paulo Migliacci)

HELL RIDE - Trailer

Mad Max - Goose

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Amigos !
 Desconfio que a minha esposa tem um amante pois aparece com roupas novas, relógio de marca e está estranha comigo... Outro dia peguei o celular dela para ver as horas e ela ficou louca de raiva, gritou que eu não respeitava a privacidade dela, etc...
Diz sempre que sai com amigas que eu não conheço e chega tarde em casa, afirma que vem de taxi mas nunca vi nenhum taxi aqui na porta de casa, creio que vem de carona , salta na esquina e vem caminhando.
Decidi resolver a questão. Saí com a moto e estacionei na esquina da rua onde teria uma visão total e poderia ver com quem minha esposa pega carona. Me agachei atrás da moto e fiquei esperando, o tempo passava e notei um vazamento de óleo na tampa da embreagem e aí a grande dúvida: basta apertar os parafusos da tampa ou é melhor trocar a junta ??




Cuidado comigo
Eu sou um perigo
Eu vivo na estrada
Minha moto é minha amada
Uma jaqueta surrada
E a calça desbotada
Eu ando à toda, em todas as paradas!!!

Cuidado comigo
Eu sou um perigo
Eu vivo na estrada
Minha moto é minha amada
Uma brisa no rosto
A cerveja na mão
Você no pensamento
E a raiva no coração!!!

Jaqueta surrada
E a calça desbotada
Eu ando à toda
Em todas as paradas
Uma brisa no rosto
Uma cerveja na mão
E você no pensamento
E a raiva no coração

                                                       Made in Brasil  (harley boogie - bad boy)
        





Autor: Desconhecido


Definições bem-humoradas de quem gosta de moto
Este é um pequeno glossário sobre os seres e espécies de seres bípedes que fazem parte da fauna de duas rodas. É sempre bom conhecer estes termos, pois deve-se ter um certo cuidado ao adereçar um destes seres, pois se chamá-lo pela denominação errada com certeza vai levar um xingão.

                Motoqueiro: Indivíduo bípede que anda sobre uma máquina que também tem dois pontos de contato com o solo. Notem que qualquer ser que consegue equilibrar-se sobre os quartos traseiros pode ser motoqueiro (com o preço que está uma CG 84 a álcool, qualquer um pode). Quando este indivíduo comprou seu veículo de duas rodas, acreditava que qualquer coisa sobre o asfalto com mais de duas rodas é um obstáculo a ser vencido (tem certeza que se tivesse comprado aquela DT 180 85 daria para pular por cima). Atualmente, depois de três multas por andar sem capacete, várias mijadas de guardas por estar de chinelo e sua foto (ou melhor, a da traseira da moto com ele cobrindo a placa com a mão enquanto "fazia bundão" pro pardal) espalhada por todas as repartições do Detran, ele É o dono da rua. Sua próxima aquisição será aquele ferrinho de pôr na rabeta para poder empinar sem estourar a lanterna traseira...Aí sim vai ser animal passar nos pardais.

                Motociclista: Ser humano sobre uma máquina de duas rodas. Se considera a casta nobre dos condutores de veículos motorizados, pois só anda de capacete, não grita "Volta pra cozinha!!!!" quando uma mulher inadvertidamente lhe fecha no trânsito e nunca joga papel de bala no chão. Não consegue ficar 15 minutos sem pensar na sua possante, e acha que não existe coisa melhor no mundo do que andar de moto. Se sua mulher deixasse, guardava a moto na sala de jantar. Mas como não há substituto para sexo, guarda a moto debaixo de uma lona na garagem mesmo (mas só cobre depois do motor esfriar, nem que tenha que ir até a garagem as 3:00 horas da manhã mais fria do inverno para cobrí-la).

                Biker: Ser totalmente sui generis. Também se considera de uma casta nobre, mas de um filó absolutamente diferente dos demais. Começou aos 10 anos com uma Caloi Super, de quadro de ferro e 10 marchas (era o moleque mais rápido do quarteirão no Polícia e Ladrão sobre bicicletas). Quando cresceu e virou gente, a 1ª moto que comprou foi uma RD350, que passava horas lavando e encerando. Divertiu-se muito com esta RD ("Meu, tu não acredita em quantos minuto fiz do trampo pra casa, e isso ao meio-dia"). Aí ganhou mais dinheiro, teve dois filhos, trocou a Parati rebaixada com vidro fumê por um Santana de 4 portas e comprou uma esportiva. Mais de 130 cavalos, sem contar o condutor, e velocidade final de 270 km/h (mas com o Sarachú que ele vai colocar vai passar dos 285 frouxo). Sua diversão é subir até o topo da serra e descer, uma vez atrás da outra, das 8:00 às 11:30 de todo sábado de sol, fazendo todas as curvas na horizontal. Sempre se veste com uma jaqueta que se liga por zíper à calça, das cores mais psicodélicas possíveis e que geralmente custam um valor de 4 dígitos. Quando chega em casa pro almoço depois do exercício de sábado, a 1ª; coisa que faz é abrir a jaqueta de guerreiro do futuro pós-apocalíptico e amarrar as mangas na cintura e em seguida atacar a geladeira atrás de líquidos, pois quase desidrata de tanto suar dentro do uniforme. Depois de beber dois litros de água, suco, chá, cerveja, etc, beija a mulher (como sempre ela manda ele tomar banho porque está fedendo chulé) e vai vistoriar os novos riscos nas pedaleiras que fez naquelas curvas animais da serra. E pensa consigo mesmo "Até sábado que vem ponho o Sarachu, aí sim vai dar pra aproveitar toda a potência da moto".

                Coxinha: Na verdade, esta definição serve para todas as tribos. É aquele ser que tem um veículo de duas rodas dentro da sala de TV. Acha que o importante é ficar babando em cima da moto, e só anda com ela nos fins de semana de sol e quando emenda um feriadão e não vai viajar com a patroa e os 3 filhos. Seu maior prazer é sair de carro com os amigos e falar de motos. Quando sai para dar umas voltas (depois de entrar no site do Inmet para ver se corria risco de tomar chuva naquele sábado de céu azul), não pára em sinaleiro sem ficar acelerando o motor. Geralmente sai no gás para frear em cima do carro em frente a 30 metros. Sua política é que moto é a melhor coisa do mundo, mas em viagem de mais de 30 km é melhor ir de carro por ser mais seguro, ter rádio toca-fita com magazine de 12 CDs no porta-malas, ar condicionado, etc. Além do mais, não sei não, mas parece que vai chover semana que vem, por isso não sei se vai dar pra ir junto com vocês...

                Tiro Curto: Denominação dada a um ser vivente sobre duas rodas que vai a qualquer encontro, em qualquer lugar, pagando ou não, com qualquer tempo, mas raramente chega lá no dia programado. Sempre fica no meio do caminho para arrumar um probleminha na moto que só depende de se conseguir uma peçinha na cidade vizinha. A sua moto é o arquétipo da moto ideal, mecanicamente perfeita, e aqueles barulhinhos irregulares são charme. A bomba de óleo que estourou ontem, o fluido de freio vazando na semana passada e a torneira de combustível entupida do último encontro (30 dias antes) são coisas da vida que acontecem com qualquer um. Geralmente é o 1º a apoiar a idéia do MC comprar uma carretinha pro carro de apoio ("Lembra daquela vez que o Ciclano teve de dormir naquele motel pulgueiro? Ainda bem que não estava junto, já que minha moto estava na revisão, mas se a gente tivesse a carreta vocês poderiam ter colocado aquela porcaria da moto dele em cima"). Facilmente reconhecido, pois conhece os nomes de todo mundo na sua concessionária, do mecânico-chefe ao gerente ao cara de CG que faz entregas. Quando consegue chegar de volta de um encontro sobre a moto (e não dentro do carro de apoio) fala pra todo mundo que este foi um dos melhores encontros que aquela cidadezinha já fez. Muito melhor que o do ano passado, pois de tanta chuva (na verdade era uma garoa forte) molhou as velas e teve de dormir num hotel na entrada da cidade que lhe cobrou uma nota preta. "Este ano foi diferente, a organização não deixou ninguém nos explorar com hotéis caros... Aquela mancha de óleo ali? Isso é óleo que jogaram embaixo só para me sacanear. Esta moto não dá oficina".

                CGzeiro: Começou com uma Turuna 80 (aliás, impecável) do tio dele e agora esta já na sua 3ª Today. Seu sonho de consumo era uma Titan ES, mas agora com a YBR, está em dúvida...se a troca de óleo for mais barata pode até pensar. Entre seus amigos é muito querido, pois além de fazer zerinhos perfeitos ("aquela vez que a moto escapou e acertou um Palio 16v estacionado do outro lado da rua foi porque a rua ali na frente do colégio tem muita pedrinha solta por causa dos ônibus que passam de monte") faz a melhor antena corta-cerol do bairro. Pensa um dia escrever para a Duas Rodas e perguntar se não querem fazer um teste com seu corta-cerol. Numa dessas pode até começar a faturar uns trocados com os pedidos...

                Superbiker: Ser sobre duas rodas bastante curioso. Sua filosofia de vida é chegar lá. Não importa onde, desde que seja rápido. E antes dos colegas com aquelas velharias de 1998. Seu modo de trajar é bastante semelhante ao do biker, mas diferem por sempre usarem capacetes de fibra de carbono com kevlar trançado, viseira anti-embaçante e a prova de impactos e cinta jugular acolchoada de nylon anti-alérgico que pesa somente 127 g. Têm um jeito peculiar de andar quando estão sobre os próprios pés, pois sempre inclinam a cabeça para frente para melhorar a penetração aerodinâmica. Não são muito vistos sobre as motos, pois quando você vai olhar eles já passaram. Detestam andar devagar, pois o pressurized air charged direct double induction system só começa a funcionar a partir dos 195 km/h (se bem que a nível do mar já entra nos 185 km/h). Além do mais, andar a menos de 200 km/h é coisa de frouxo. São facilmente reconhecíveis nas boates dos encontros, pois sempre são os primeiros a chegar, e quando se pergunta a um deles se o túnel na BR ainda estava em reformas eles respondem "Reformas? Não vi máquina nenhuma...". Outra característica marcante é seu ódio descomunal a insetos. Isto porque dói pra cacete levar uma besourada no pescoço a 298 km/h. Acredita piamente que até o ano 2010 estarão em produção motos de série que rompem a barreira do som ("Aí sim vai dar para curtir o vento no rosto...").

                Cruiser (Custom): Seu nome é derivado do tipo de moto de duas rodas que pilotam. Sua filosofia de vida é ir, não importa quanto tempo leva nem se vão chegar lá. Só ouvem rock, e respiram couro e comem cromo. Se não for cromado não presta. Vestem-se dos pés a cabeça com roupas de couro (até no capacete as vezes), incluindo-se cuecas e meias, geralmente na cor preta. Além do couro, adoram usar penduricalhos presos a roupa, como correntinhas, broches, etc. Não gostam muito do verão por que no sol toda esta roupa preta esquenta pra cacete. Consideram-se os bad boys do reino de duas rodas, mas a maioria pede: "por favor, não fala palavrão" e até respeitam mulheres no trânsito. Também não gostam de insetos, pois como geralmente usam elmos abertos, detestam comê-los quando estão pilotando. Nos encontros, se você perguntar se o túnel na BR ainda está em reformas, respondem com detalhes, pois andam tão devagar que conseguem até ler o nome nos crachás dos trabalhadores.

                Trilheiro: Este ser não faz parte da fauna urbana, pois só se sente a vontade quando está no meio do mato. Seu credo é "no barro é que me realizo". Estes bípedes só são felizes quando estão com barro até a cueca, já que andar no asfalto é coisa de mariquinha. Quanto mais chover melhor, pois assim a trilha estará bem enlameada. É um dos poucos seres sobre motos que sabe lavar roupa, pois sua mulher se recusa a pôr a mão ou deixar que a empregada lave aquela imundície que é a roupa dele andar de moto. Detestam os coxinhas e flanelinhas (ver abaixo), já que moto limpa não presta e é no mínimo coisa de fresco. Não vão muito a encontros, pois só existem encontros em cidades, nunca na terra ou no mato, e andar no asfalto é coisa de mariazinha.

                Flanelinha: Também é um categoria de ser, sendo encontrado em todas as tribos e filos. Este ser bípide tem como meta na vida deixar sua moto brilhando. Não existe coisa pior que mancha ou sujeira. Também são uns dos poucos que lavam roupa, pois só usam roupa limpa ao andar de moto para não sujar o banco. Nos encontros que vão (apenas na época de seca e somente em cidades limpas) ganham todos os prêmios de moto mais bem conservada. Caracteristicamente sempre carregam um paninho, pois sempre pode aparecer uma sujeirinha. Conhecem de cor nomes e fabricantes de todas as marcas e tipos de cêras e polidores, além de conseguirem citar de traz para frente a sequência de lavagem de sua moto. Uns chegam ao ponto de plastificar a moto inteira ("Sabe como é, radiação ultra-violeta pode danificar a pintura. Nunca dá pra descuidar"). Nos encontros, para achá-los é só ir onde estão as meninas em trajes mínimos lavando motos. Geralmente tem um flanelinha ajudando ou ensinado elas a lavar.

                Estradeiro: É uma espécie de nômade, que ainda não conseguiu criar raízes em lugar algum. Na dúvida, ele pega a estrada, não importa pra onde, desde que seja longe. Também não se importa em quanto tempo vai levar ou se tem alguma coisa lá, o importante é ir. Uma de suas características é transformar a moto num motorhome, com malas, alforjes, bagageiros, mochilas e pochetes por tudo, sempre com um 2º capacete em cima da pilha mais alta. Ó único ser sobre duas rodas que acha que talvez não seja totalmente verídica a estória que todo caminhoneiro tem a mãe na zona. Afinal, naquela viagem do mês passado ao Aconcágua que fez saindo pela Transamazônica, foi um caminhoneiro que lhe deu carona de volta a Manaus quando o pneu traseiro rasgou. Também não gosta de insetos, porque deixam aquela mancha verde na viseira. Sempre que se encontrar um estradeiro e ele disser já volto, desconfie, pois pode resolver que faz tempo que não vai às Missões e só voltar dali a um mês. Se pudesse, trocaria o irmão mais novo para ir de moto à Daytona. Saindo da Terra do Fogo, é claro.

                Motoclube: Uma reunião formal, legalizada e com estatuto de seres sobre duas rodas. Normalmente, é composto por apenas uma espécie de ser, e todos são identificados por uma jaqueta ou colete de preferência bem surrados com uma figura nas costas e escrito embaixo "Pelo asfalto, minha vida" ou qualquer outro dizer imperioso assim. Quanto mais coisas e penduricalhos conseguir colar, costurar ou amarrar no colete ou jaqueta, melhor. Seus integrantes, nos encontros, só se misturam com integrantes de outros MC de seres da mesma espécie, e sua principal diversão é falar mal dos encontros pagos e das outras espécies. Alguns até tem sede própria, onde fazem as reuniões para decidir que encontro pagos vão boicotar ou qual membro vai ser punido por não usar o broche do grupo no último encontro que foram. A maior ocupação de seus integrantes é confeccionar adesivos para poderem trocar com os outros MC e aí colar no painel da sede. Os Motoclubes mais abonados mandam pintar o carro de apoio, a carretinha e a sede inteira com as cores do grupo, e com uma baita brasão na parede (no carro de apoio colocam aqueles adesivos magnéticos com o emblema do MC nas portas). Para se relacionar bem com estes seres, é necessário certo conhecimento de zoologia para se poder saber qual o bicho é o animal que adotaram como símbolo (além dos seus hábitos, se é carnívoro, onde se encontra, seus ritos de acasalamento, etc.).






A MOTOCICLETA NO BRASIL


                    A história da motocicleta no Brasil começa no início do século passado (1910 ) com a importação de muitas motos européias e algumas de fabricação americana, juntamente com veículos similares como sidecars e triciclos com motores. No final da década de 10 já existiam cerca de 19 marcas rodando no país, entre elas as americanas Indian e Harley-Davidson,  a belga FN de 4 cilindros, a inglesa Henderson e a alemã NSU.
                    A grande diversidade de modelos de motos provocou o aparecimento de diversos clubes e alguns tipos de provas e competições, como o raid do Rio de Janeiro a São Paulo, numa época em que não existia nem a antiga estrada Rio-São Paulo. No final da década de 30 começaram a chegar ao Brasil as máquinas japonesas, a primeira, da marca Asahi.
                    Durante a guerra as importações de motos foram suspensas, mas retornaram com força após o final do conflito. Chegaram NSU, BMW, Zündapp (alemãs), Triumph, Norton, Vincent, Royal-Enfield, Matchless (inglesas), Indian e Harley-Davidson (americanas), Guzzi (italiana), Jawa (tcheca), entre outras.

A 1a MOTO BRASILEIRA


                    A primeira motocicleta fabricada no Brasil foi a Monark (ainda com motor inglês BSA de 125cm3), em 1951. Depois a fábrica lançou três modelos maiores com propulsores CZ e Jawa, da Tchecoslováquia e um ciclomotor (Monareta) equipado com motor NSU alemão. Nessa mesma década apareceram em São Paulo as motonetas Lambreta, Saci e Moskito e no Rio de Janeiro começaram a fabricar a Iso, que vinha com um motor italiano de 150cm3,  a Vespa e o Gulliver, um ciclomotor.
                    O crescimento da indústria automobilística no Brasil, juntamente com a facilidade de compra dos carros, a partir da década de 60, praticamente paralisou a indústria de motocicletas. Somente na década de 70 o motociclismo ressurgiu com força, verificando-se a importação de motos japonesas (Honda, Yamaha, Suzuki) e italianas. Surgiram também as brasileiras FBM (que só subia embalada) e a AVL. No final dos anos 70, início dos 80, surgiram várias montadoras, como a Honda, Yamaha, Piaggio, Brumana, Motovi (nome usado pela Harley-Davidson na fábrica do Brasil), Alpina, etc. Nos anos 80 observou-se outra retração no mercado de motocicletas, quando várias montadoras fecharam as portas. Foi quando apareceu a maior motocicleta do mundo, na época, a Amazonas, que tinha motor Volkswagen de 1600cm3 , da Brasília.
                    Atualmente a Honda e a Yamaha dominam o mercado brasileiro, e são seguidas pela, Suzuki, Kasinski, Sundown , Daelin, Harley-Davidson e, em breve por uma gigante indiana, mas aí já deixou de ser história.

ZCJ 04/04
Texto com adaptações. Originalmente publicado no site : http://www.motoesporte.com.br

domingo, 3 de outubro de 2010


CORVOS MC - no Pégasus 

CORVOS MC

CORVOS MC - no Missionários

CORVOS 17 ANOS

CORVOS MC - no Nomad

CORVOS MC - no Lobos da Brilhantina

CORVOS MC - SS JUNDIAI

CORVOS MC - SS RIO DE JANEIRO

Corvos M C no Formigas em Campo Limpo Pta.

Corvos M C em Vinhedo

sábado, 2 de outubro de 2010




“Vida de um estradeiro”

De posse do ronco do motor de minha moto

Vou rodando em busca de aventuras

E de novas estradas

Levo saudade no peito

Muitos sonhos...

A lua e as estrelas me fazem companhia

As estradas sinuosas são companheiras fiéis

Amigos encontro pelo caminho

Mais seguir em frente é meu destino

Risadas, choros, alegrias e tristezas

Essa é minha vida e dela sou refém

Sem destino é um prazer

Viver assim sem rumo

Vida de estradeiro, não existe nada que se compare

E eu adoro minha vida

Abraços!

                                     wolv dos corvos